domingo, 14 de agosto de 2011

Herdeiros do Rei

Se o Santos fosse uma monarquia, a cadeira do Rei até hoje seria ocupada por Pelé. Apesar de sua última partida pelo Peixe ter acontecido há quase 40 anos, jamais um jogador esteve perto dos feitos dele. Afinal, foram mais de 1000 jogos, mais de 1000 gols e todos os títulos possíveis. Depois de sua era, a equipe viveu momentos difíceis. De protagonista, passou a ser coadjuvante ao ver seus rivais vencerem os principais títulos do país e continente.


Contudo, no início deste século, contrariando aquele ditado de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, gerações de craques voltaram a surgir na Vila Belmiro, recolocando o clube no caminho dos títulos e ratificando sua fama de formador de talentos.
 
Desses, dois em especial conquistaram a torcida santista. 

Com dribles, gols, irreverência e carisma, Robinho e Neymar rapidamente estabelereceram-se como os principais jogadores da nova era do Santos. Decisivos nos títulos em que participaram os dois, que tem características de jogo muito semelhantes, são, por enquanto, os principais herdeiros do trono do Rei.
 


O filme se repetiu - Pelé, Robinho e Neymar, protagonistas de suas gerações

Ele reconquistou o Brasil #7



Quando em 2002 o então presidente do clube, Marcelo Teixeira, disse ao técnico Leão que não havia dinheiro em caixa para reforços, muitos comentaristas cravaram o Santos como candidato ao rebaixamento. Afinal, o time vinha de fracas campanhas e seu elenco era composto de jogadores desconhecidos. Ousado, o técnico Leão resolveu apostar nos talentos da base. Acreditava que havia ali uma mina de ouro. E o treinador estava certo.

Em campanha histórica, os novos Meninos da Vila venceram o campeonato daquele ano derrotando seu maior rival, Corinthians, em dois jogos históricos. Era o final de uma fila de 18 anos e o surgimento de jovens jogadores que entraram para a história como Elano, Diego, Renato, Alex e principalmente Robinho. 


Garoto franzino, com canelas finas, sorriso fácil e jeito irreverente, esse menino de 18 anos conquistou a torcida com suas pedaladas. Sucesso que já havia sido prenunciado pelo Rei três anos antes. Em 99, quando trabalhou como coordenador do departamento amador do clube, Pelé sentenciou. "O Robinho é um jogador que tem habilidade tremenda, inteligência e raciocínio rápido".
 


A maior estrela do elenco foi o protagonista das finais. E dentre todos seus companheiros, foi o que mais tempo ficou na Vila Belmiro. Com gols e títulos imortalizou a camisa 7. Em 2004, veio o segundo título Brasileiro. No mesmo ano, durante o campeonato, viveu seu maior drama quando sua mãe foi sequestrada. Episódio fundamental na sua venda na metade de 2005.

Disposto a sair, Robinho passou a faltar em treinos. Firme, a diretoria santista só aceitava liberar mediante pagamento de sua multa rescisória - 50 milhões de dólares.
 
No final, após muita negociação, Robinho foi vendido ao Real Madrid por 30 mihões de dólares, o equivalente a 60% da multa (porcentagem que pertencia ao clube). 

Na Europa, a expectativa era de que Robinho lutasse pelo posto de melhor do mundo. Mas isso jamais aconteceu. Jogador nota oito no velho continente, Robinho jamais encontrou por lá um lugar que se sentisse tão bem quanto o Santos. Depois de ser vendido ao Manchester City e passar dois anos na Inglaterra, o jogador voltou em 2010, por seis meses, ao seu clube de coração. 
Jogando ao lado de outras estrelas como Ganso e Neymar, foi um coadjuvante de luxo nas conquistas da Copa do Brasil e Campeonato Paulista. O suficiente para garantir a ele a participação na Copa do Mundo e uma transferência para o Milan, onde tenta reencontrar seus melhores momentos.

Ele reconquistou o continente #11
 


Ainda pequeno, Neymar já era tratado como uma jóia. Aos 13 anos, quase foi parar no Real Madrid. Mas com salários de gente grande, ficou no Brasil. Aos 16 anos, já havia assinado seu primeiro contrato profissional. Em 2009, aos 17 anos, estreava no time principal. E no seu segundo jogo, marcou o primeiro gol.



Neymar, diferentemente de Robinho, era o craque esperado. Mas diferentemente do antigo ídolo, não foi capaz de vencer um título em seu primeiro ano. Pelo contrário, no final de 2009 acabou relegado à reserva pondo em dúvida se tamanho investimento na base daria o retorno previsto. 

E a resposta veio rápida. 

Em 2010, jogando assim como Robinho em 2002, ao lado de novos meninos da Vila como André, Ganso e Wesley, Neymar foi um dos principais jogadores do clube nas conquistas do Campeonato Paulista e Copa do Brasil. E para provar sua grandeza, o camisa 11 eclipsou o jogador mais conhecido do clube, Robinho, que por seis meses retornou ao clube.



No ano seguinte, Neymar foi além do Rei das Pedaladas. Melhor jogador da Libertadores, ele devolveu ao clube uma conquista que não vinha há quase 50 anos. Os títulos, os gols, os dribles e seu estilo transformaram Neymar no principal jogador do Brasil. Clubes da Europa estão de olho no craque. A multa de 45 milhões de euros já é insuficiente para segurar o jogador. Sua sáida parece questão de tempo. Mas a disputa do Mundial de Clubes em dezembro é motivo suficiente para o jogador ficar ao menos mais seis meses no Brasil. Afinal, será a chance de igualar, ao menos em títulos, a inigualável Era Pelé.
 


Quarto raio a vista?



Gabigol
Depois de Robinho e Neymar os olhos dos torcedores (e empresários da bola) começam agora a direcionar para Gabriel. Ou Gabigol como ele prefere ser chamado. Meia atacante da base santista de apenas 14 anos, ele, assim como Neymar quando esteve na base, já ganha salário de jogador profissional (18 mil reais).



Além do talento e faro de gols (413 entre futsal e futebol de campo em seis anos de base), outra curiosidade que une Gabigol a Neymar e Robinho é seu empresário, Wagner Ribeiro, o mesmo que cuida da carreira de Neymar e gerenciou os primeiros anos de profissional de Robinho.

E é Wagner quem melhor define seu mais novo investimento. "Ele tem a perna esquerda do Ganso, a técnica do Neymar e a velocidade do Lucas (...) Logo, logo o Gabriel vai comprovar isso".
 


Se está certo ou não, caberá ao tempo dizer. Tempo esse que não deverá ser muito. A expectativa é que com 16 anos Gabigol assine seu primeiro contrato profissional e tente comprovar que sim, um raio pode cair várias vezes no mesmo lugar.

Herdeiro de sangue, mas não de talento

O raio pode ter caído mais de uma vez na Vila Belmiro, mas com certeza não caiu na família do Rei. Edinho, filho de Pelé, foi quem mais perto esteve dos dias de glória do pai. Mas como goleiro, foi apenas mediano. Entre os anos de 1990 e 1998, passou por Santos, Portuguesa Santista, Ponte Preta e São Caetano. Seu melhor momento foi em 1995 quando foi vice-campeão brasileiro pelo Peixe.

Após o fim de sua carreira, passou por diversos problemas com a Justiça. Foi condenado a seis anos de prisão após envolvimento em racha ocorrido em 1990, que deixou um morto. A sentença, porém, foi anulada. Em 2005, foi detido, com outras 50 pessoas, em operação que procurava desmantelar o tráfico de drogas em Santos. Na ocasião, assumiu ser viciado em maconha levando seu pai às lágrimas. Hoje, aos 40 anos, Edinho trabalha como preparador de goleiros no Santos Futebol Clube.


* com informações do globoesporte.com

Nenhum comentário: