segunda-feira, 11 de julho de 2011

Papo de Pescador: A geração que não gritou "É Campeão!"

Havia um tempo em que ser santista não era fácil. Um tempo que não tinha Neymar, Ganso e Arouca. Não existiam Robinho, Elano e Diego e muito menos Coutinho, Pelé e Pepe. Os dribles incríveis, gols espetaculares e comemorações à base de danças não aconteciam com frequencia. Nesse tempo, ser santista era sinônimo de sofrer. E foi no meio de toda essa turbulência que o Peixe ganhou mais um torcedor, Fábio Seixas.

Fábio virou santista por influência do pai, normal naquela época. Em 1974, ano em que nasceu, o Santos tinha um time pouco atrativo. Segundo ele, o time era ruim e não tinha perspectiva nenhuma de ser campeão.

“Uma geração que era raro existir santista”, conta.

Era difícil ser o único da escola, do clube e da rua a torcer pelo Santos. O último Brasileirão que o Peixe conquistou antes de Fábio nascer tinha sido em 1968, foram 34 anos na fila. Ele só viu o time alvinegro ser campeão depois de 27 anos, em 2002. O Campeonato Paulista não foi muito diferente. O clube santista só voltou a ser campeão em 2006, depois de 22 anos sem conquistar o título.

Uma época que Fábio gosta de lembrar é a do Campeonato Brasileiro de 1995. O time da Vila não foi campeão, mas jogou como nunca.

“O Santos montou um time que não era sensacional, mas era um time que durante seis meses jogou como nenhum outro. Giovanni jogou com uma intensidade que não se via em outros jogadores”, lembra.

No dia 10 de dezembro de 95, Santos e Fluminense se enfrentaram no Pacaembu, pelo segundo jogo da semifinal do Brasileiro. O Peixe perdeu a primeira partida no Maracanã por 4 a 1, e Fábio conta que ninguém acreditava na recuperação do time. Todos estavam enganados. O Santos venceu o Flu por 5 a 2 e foi classificado.

“Eu chorava no Pacaembu, o Santos conseguiu o que todo mundo achava que era impossível”.

A final do campeonato foi contra o Botafogo. O jogo terminou em 1 a 1 e consagrou o Botafogo campeão. Para Fábio, o time carioca só foi campeão porque o juiz errou muito.


“O Santos perdeu o campeonato por causa do juiz. Meu pai disse que nunca mais ia pisar no campo de futebol. Foi triste porque foi ele que me fez gostar de esporte, do futebol, do Santos”.

Pode se dizer que o pai também foi responsável pela profissão que escolheu. Hoje, jornalista da Sucursal da Folha no Rio, confessa que só escolheu fazer jornalismo por causa do esporte.

E foi também o esporte que proporcionou uma de suas maiores felicidades. Em 22 de junho de 2011, com o Pacaembu forrado de santistas, o Peixe ganhou de 2 a 1 do Penãrol e se consagrou campeão da Libertadores.

“Tinha muita gente de idade, tinha um cara do lado que virou e falou: pra quem sofreu o que a gente sofreu não dá pra acreditar que a gente ta vendo isso”, conta com emoção.

Entre emoções, decepções, angústias e alegrias, o Santos teve um papel muito importante na vida de Fábio, ajudou-o a moldar a pessoa que se tornou.

“Hoje enfrento problemas e as diversidades da vida com mais facilidade”, finaliza.

3 comentários:

Luciana Braga disse...

Muito bom!

Menino da Vila disse...

Muito boa matéria. Esse jogo com o Fluminense foi realmente inesquecível

Mauricio disse...

Legal o texto